O cometa Borrelly nunca brilhou a olho nu. Jamais revelou uma brilhante cabeleira ou cauda aos admiradores do planeta Terra. Mas na semana passada, no mesmo dia em que começou a primavera, ele tornou-se tão glorioso quanto o Halley, o Hyakutake ou o Hale-Bopp. Exagero? Nem um pouco. Enquanto a Deep Space 1 (DS1) estava visitando o cometa Borrelly no último sábado, 22 de setembro, o telescópio espacial Hubble, em órbita da Terra, também voltava-se para o astro. E diversas equipes de pesquisadores efetuavam suas medidas a partir da superfície.
Os esforços combinados proveram visões do cometa em vários comprimentos de onda e instantes de tempo, de perto e de longe. O cometa Borrelly tornou-se o mais observado de toda a história da Astronomia - e sem ser visto pela maioria das pessoas na Terra! Embora seja bastante um pequeno telescópio e um mapa celeste para que os amadores o contemplem como uma estrela pálida.
O cometa Borrelly é uma rocha de formato irregular com 8 km de comprimento, cuja superfície é complexa, com vastas regiões recobertas por uma crosta de material baseado em carbono, que reflete apenas cerca de 4% da luz solar. E essa com certeza não é a única novidade, outras informações deverão surgir nas próximas semanas, quando os dados da sonda forem analisados.
O cometa Borrelly recebeu o nome de seu descobridor, o francês Alphonse Louis Nicolas Borrelly. Em 1999, a DS1 já havia passado pelo asteroide Braille (em homenagem ao criador da escrita para cegos, Louis Braille). Nos dois encontros, a sonda obteve resultados científicos interessantes, embora nem precisasse. O objetivo da DS1, assim como das futuras sondas Deep Space (em inglês, "espaço profundo"), é testar inovações tecnológicas para a exploração espacial. |