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Ano IV - Nº 169 |
A escada para o céu |
Hubble Site - 12 de maio de 2004 |
A nebulosa mais incomum já observada em nossa galáxia é HD 44179, mais conhecida como "o retângulo vermelho" (devido sua aparência em observações com telescópios terrestres). Aos olhos do telescópio espacial Hubble, ela se desdobra, lembrando uma escadaria dupla, uma estrutura em X que os astrônomos interpretam como fluxos de gás e poeira vindos da estrela central. Essa estrela, aliás, é uma das que começou seu ciclo de brilho como o Sol, mas agora chega próximo de seu fim, e esse processo é o responsável pelas camadas exteriores visíveis nessa nebulosa. A nebulosa está a 2.300 anos-luz de distância, em direção à constelação do Unicórnio. Outra característica marcante de HD 44179 e revelada pelo Hubble é uma banda escura à frente da estrela central. Trata-se da sombra de um denso disco de poeira que circula a estrela, obscurecendo-a ligeiramente. Os astrônomos descobriram que a estrela central é na verdade um sistema binário, duas estrelas próximas que completam uma órbita em torno de si mesmas em aproximadamente dez meses e meio. Foi a interação entre esses astros que provavelmente causou a ejeção do disco de poeira que aparece no centro da imagem obtida pelo Hubble. |
Dois mundos quentes |
Spaceflight Now e Folha On Line - 8 de maio de 2004 |
Uma nova classe de exoplanetas (planetas encontrados fora do Sistema Solar) pode ser definida após a observação de OGLE-TR-113 e OGLE-TR-132, sistemas planetários na constelação de Carina. A detecção foi realizada através de seus trânsitos (a passagem do planeta diante de seus sóis produz pequenas alterações no brilho da estrela), método que até então só havia sido capaz de encontrar outros dois planetas extra-solares, dos mais de 120 atualmente conhecidos. Os novos planetas foram descobertos em torno de estrelas remotas da Via Láctea. Um deles, OGLE-TR-113 (em volta de uma estrela tipo F, ligeiramente mais maciça que o Sol) é apenas 35% mais maciço e 10% mais volumoso que Júpiter, completando uma volta em torno de seu sol em pouco mais de 34 horas e a uma distância de 3,4 milhões de quilômetros. Para efeito de comparação, Mercúrio está 17 vezes mais distante do Sol que OGLE-TR-113. A temperatura superficial neste planeta chega aos 1.800ºC (a temperatura na superfície do Sol é de aproximadamente 5.500ºC). A distância do sistema OGLE-TR-132 é de cerca de 1.200 anos-luz. Este é um planeta tão pesado quanto Júpiter e, talvez, uns 15% maior. Seu sol é uma estrela anã classe K (mais fria e menos maciça que o Sol) e sua órbita está a uma distância média de 4,6 milhões de quilômetros. Ele também é muito quente e completa uma translação em cerca de 40 horas. Em outras palavras, um ano em ambos esses mundos demora menos que dois dias. As descobertas reforçam a noção de que os "Jupiterianos quentes" não nasceram onde estão, mas bem mais longe da estrela, tendo depois migrado para o interior do sistema. "Embora não se saiba ainda com precisão os detalhes dos mecanismos envolvidos no processo de migração, esses dois novos planetas reforçam ainda mais a importância do processo na formação planetária", diz Cláudio Melo. O pesquisador brasileiro é co-autor da pesquisa e trabalha atualmente no ESO (Observatório Europeu Austral), Chile, de onde foram observados os dois novos planetas. |