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Astronomia no Zênite
Sistema Solar

Os não-planetas

O Sistema Solar não é apenas uma estrela e oito planetas. Muito mais numerosos são os não-planetas, isto é, toda sorte de objetos que também estão presos à gravidade do astro-rei, mas não caíram na classificação de planeta.

São as luas – a nossa Lua, o único corpo celeste que um ser humano já pôs os pés, e também os satélites naturais dos outros planetas. São os núcleos de cometas, os asteroides e também os ex-asteroides, como Ceres, agora planeta anão.

São os misteriosos objetos do Cinturão de Kuiper, que a sonda New Horizons, da NASA, começou a investigar um pouco melhor depois de passar por Plutão.

Celebridade

Plutão, aliás, é provavelmente o mais famoso entre todos os não-planetas. Certamente o que desperta mais paixões. E como não se envolver com ele?

Único planeta descoberto por um americano (Clyde Tombaugh, 1930), fato que já garante publicidade permanente, em 2006 Plutão foi reclassificado pela União Astronômica Internacional (ou “rebaixado”, como preferem alguns, termo que confere maior impacto emocional).

Ao receber a rápida visita da New Horizons, Plutão exibiu uma vasta planície em forma de coração (foto). Isso foi mais do que o suficiente para que o sentimento de “volta Plutão” [à categoria dos planetas] ecoasse pelo mundo inteiro a partir dos Estados Unidos.

PlutãoCOM AMOR  Plutão, visto de perto pela primeira vez desde 1930. Foto: NASA.

Especiais

Mas o que há de tão especial em “ser” planeta? Provavelmente nada mais ilustre que o antropomorfismo de nossa própria espécie. Se vivemos num, é porque ele deve ter um status maior que os demais corpos celestes, com a óbvia exceção do Sol.

E enquanto fazemos muito barulho e discutimos, os não-planetas seguem em suas trajetórias silenciosas e inanimadas, como já faziam há bilhões de anos – literalmente. E quanto mais os conhecemos, mais eles exibem uma riqueza de atributos de cair o queixo.

No fundo, não há nada que os torne menos especiais. Está certo que o nosso mundo é o único (entre planetas e não-planetas) que conhecemos com vida. Mas a cada novo mundo explorado surge uma variedade inesperada, uma caracterísitica singular. Os não-planetas nunca decepcionam!

PATRONO
Urania Planetario

Conheça alguns deles

PLUTÃO

Plutão foi descoberto em 1930 pelo americano Clyde William Tombaugh e, nessa época, ele não passava de um ponto luminoso em fotografias. A situação não melhorou quando se determinou sua massa, luminosidade e, principalmente, sua órbita, muito inclinada em relação ao plano da órbita terrestre.

Nenhum outro planeta do Sistema Solar apresenta características semelhantes. Por isso, durante muito tempo vários astrônomos questionaram sua verdadeira natureza. Porém, na ausência de mais informações esse astro tão longínquo, Plutão permaneceu sendo classificado como planeta.

Novas dúvidas surgiram no início deste século com a descoberta de pequenos asteroides nas proximidades de Plutão, formando o agora conhecido Cinturão de Kuiper. Um desses corpos era, inclusive, maior – ou tão grande quanto – o próprio Plutão.

Em 2006, a União Astronômica Internacional criou uma definição formal de planeta – algo que nunca tinha sido feito antes (!) e também uma subcategoria dos planetas: os planetas anões. Essa nova classe de objetos estrearia com o recém descoberto Éris, Ceres (até então um asteroide) e Plutão (que deixaria de ser reconhecido como um “planeta regular”).

A decisão não agradou muita gente (incluindo alguns cientistas, principalmente americanos) e aconteceu justamente quando uma espaçonave dos Estados Unidos havia acabado de decolar a caminho do astro pela primeira vez na história.

A polêmica ainda está longe de terminar. Com a força da astronomia americana, Plutão pode até ser reconduzido de volta à sua “fama” anterior de planeta. Ou não.

Plutão
Montanhas íngremes e planícies congeladas em Plutão. Foto: NASA/JHUAPL/SwRI.
CARONTE

Caronte é a maior lua de plutão e a primeira das 5 que foram descobertas em volta desse planeta anão. Foi em 1978, no Observatório Naval dos Estados Unidos pelo astrônomo James Christy.

O que mais chama atenção é o tamanho de Caronte, mais da metade do próprio Plutão. A forte interação gravitacional entre ambos produz um efeito único no Sistema Solar: o centro de massa do sistema fica fora do astro principal (mais de 17 mil km distante de Plutão). Os dois corpos giram em torno desse “lugar vazio” em vez de Caronte girar em torno de Plutão.

Ainda na década de 1980, eclipses mútuos entre Plutão e Caronte permitiram a determinação da composição da superfície de Caronte. Assim como nossa Lua, Caronte também pode ter sido criada por um impacto gigante que arrancou parte do manto de Plutão.

A sonda New Horizons sobrevoou o sistema Plutão-Caronte em 14 de Julho de 2015, passando a cerca de 30 mil km de Caronte. Nas imagens obtidas, os astrônomos descobriram um polo vermelho em Caronte, que pode ser parte da atmosfera de Plutão, que escapou e foi congelada na lua.

Caronte
Caronte visto pela New Hozions com destaque para o polo avermelhado. Foto: NASA/JHUAPL/SwRI.
ITOKAWA

O asteroide 25143 Itokawa foi descoberto em 1998 pelo projeto LINEAR (Lincoln Near-Earth Asteroid Research). Seu nome é uma homenagem a Hideo Itokawa, um cientista japonês da área espacial.

No ano 2000 esse asteroide foi selecionado para a missão japonesa Hayabusa. Uma sonda se aproximou das vizinhanças de Itokawa em setembro de 2005 e inicialmente ficou “estacionada” a uma distância de 20 km, para depois se aproximar numa segunda “parada” a apenas 7 km de Itokawa.

A gravidade do asteroide era fraca demais para prover uma órbita para a Hayabusa, de modo que a sonda ajustou sua órbita ao redor do Sol de tal forma que combinasse com a de Itokawa. E era assim que ela parecia estar um ponto de observação estacionário.

No dia 20 de novembro de 2005 a Hayabusa pousou no asteroide durante 30 minutos, mas falhou em coletar amostras. Cinco dias depois uma nova tentativa de pouso foi mais bem sucedida e a sonda fez sua coleta, iniciando em seguida sua viagem de volta.

A cápsula da Hayabusa contendo o precioso material caiu na Austrália em 13 de junho de 2010 e nesse mesmo ano a agência espacial japonesa confirmou o sucesso da primeira missão espacial da história que trouxe para a Terra partículas de um asteroide.

Itokawa
Itokawa tem 540 x 270 x 210 metros. Essa imagem foi obtida a 8 km de distância. Foto: JAXA.
CERES

Descoberto no início do século XIX por um monge italiano, Ceres foi anunciado como um novo planeta entre as órbitas de Marte e Júpiter. Mas, em poucos anos, muitas outras descobertas de “planetas” na mesma região foram se sucedendo – e Ceres acabou sendo classificado como asteroide.

Pelos dois séculos seguintes Ceres permaneceu sendo chamado de asteroide – o maior entre todos eles. A partir de 2006, no entanto, novas descobertas levaram-no à categoria recém-criada dos planetas anões.

Ceres possui uma forma arredondada e sua superfície está repleta de crateras, com regiões escuras e outras muito brilhantes, supostamente resultado da reflexão da luz solar em planícies de sulfato de magnésio ou de outro sal.

Acredita-se que Ceres possua um núcleo rochoso circundado por um manto de gelo e, possivelmente, um enorme oceano subsuperficial. O planeta anão é um provável remanescente dos protoplanetas (planetas embriões) do Sistema Solar primordial e ainda conta com uma fina atmosfera formada principalmente por vapor de água.

Em 2015, Ceres foi visitado de perto pela missão Dawn, da NASA.

Ceres
Ceres visto pela sonda Dawn. Os pontos brilhantes à esquerda ficam na cratera Occator. Foto: NASA/JPL.
EUROPA

Europa, juntamente com outras três grandes luas de Júpiter, Io, Ganimedes e Calisto, foram descobertos por Galileu Galilei em 8 de janeiro de 1610.

Sua superfície é coberta por uma camada de gelo, mas pode haver um oceano aquecido abaixo dela. A crosta gelada também faz desse satélite um dos mais reflexivos de todo Sistema Solar (albedo 0,64). Plumas de água foram vistas jorrando de Europa em 2013, embora tais observações nunca tenham se repetido.

Seu relevo é um dos mais suaves do Sistema Solar, devido a ausência de montanhas e crateras. Há poucas crateras porque a superfície de Europa é tectonicamente ativa e, portanto, jovem.

Várias sondas sobrevoaram Europa (incluindo as Pioneers 10 e 11 e as Voyager 1 e 2 na década de 1970). A Galileo fez uma missão de longo período em Júpiter e suas luas entre 1995 e 2003.

A intensidade de radiação que atinge a superfície de Europa em um único dia é suficiente para causar doenças graves e morte num ser humano desprotegido. Europa é a menor das luas galileanas, menor que a nossa Lua, porém maior que Plutão.

Europa
A lua Europa vista pela nave Galileo em 7 de setembro de 1996. Foto: NASA/JPL/DLR.
TITÃ

Titã é a maior lua do planeta Saturno, e o único satélite natural conhecido que possui uma densa atmosfera. Sua descoberta aconteceu em 25 de março de 1655, pelo astrônomo holandês Christiaan Huygens.

Segunda maior lua do Sistema Solar (perdendo apenas para Ganimedes, de Júpiter), Titã é maior que Mercúrio e quase tão grande quanto Marte, apresentando condições semelhantes à Terra em seus estágios mais primitivos (a principal diferença é que, porque é mais perto do Sol, nosso mundo sempre foi mais quente).

Sua atmosfera é em grande parte azoto. Outros componentes levam à formação de metano e etano. Há muitas nuvens, vento e chuva (provavelmente de metano e etano líquidos), que cria características na superfície semelhantes às da Terra, tais como dunas, rios, lagos, mares, deltas… Apresentando também padrões climáticos sazonais, como aqui.

Titã tem sido extensamente estudado pela missão Cassini–Huygens que chegou em 2004 e lançou uma sonda, a Huygens, que pousou em sua superfície em 14 de janeiro de 2005.

Titã
Fotos em cores falsas combinando imagens visíveis e infravermelhas obtidas pela nave Cassini. NASA/JPL.

Posters para download

Se você chegou até aqui é porque se interessa mesmo pelos não-planetas. Foi para que você guardamos um presente especial. Um não, dois.

São dois posters em português que você pode, inclusive, imprimir em grande formato, pois estão em alta resolução. Uma cortesia da Sociedade Planetária (Membro da Planetary Society Global Volunteer Network). Aproveite! Artigo de Astronomia no Zênite

Poster 1
BAIXE GRÁTIS Os não planetas - Poster 1 (arquivo ZIP 1,4Mb. Imagem JPG 4000 x 2250)

Poster 2
BAIXE GRÁTIS Os não planetas - Poster 2 (arquivo ZIP 0,5Mb. Imagem JPG 2519 x 1402)

 

Os planetas anões
O círculo dos animais

Créditos: Costa, J.R.V. Os não-planetas. Astronomia no Zênite, 1 jul. 2016. Disponível em: <https://zenite.nu/os-nao-planetas>. Acesso em: 19 abr. 2024.
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