Dez mil toneladas vindas do espaço penetram em nossa atmosfera a cada ano, com velocidades entre 11 e 70 km/s. A maioria se transforma em inocentes meteoros. Entre os principais geradores desses corpos estão os cometas, embora sejam os asteroides os candidatos preferidos pelos pesquisadores. São também os mais perigosos.
Sua composição heterogênea teria melhores condições de explicar a origem da diversidade na composição das várias classes de meteoritos. Além disso, nem todos os asteroides permanecem na conhecida faixa entre Marte e Júpiter. Colisões recíprocas e órbitas instáveis podem levá-los para longe dali.
São denominados asteroides potencialmente perigosos (em inglês Potentially Hazardous Asteroids ou PHAs) as rochas maiores que 100 m, aproximadamente, e que se aproximam do nosso planeta menos que 0,05 UA (1 UA vale aproximadamente 150 milhões de km). A tabela a seguir relaciona as passagens mais recentes de PHAs, destacando aqueles que se aproximam menos que cinco vezes a distância Terra-Lua (DL).
Asteroide | Data (UT) | Distância da Terra | Velocidade (km/s) | Diâmetro (m) |
2025 HT | 2025-Abr-25 | 3,3 DL | 6,8 | 18 |
2025 HR4 | 2025-Abr-25 | 2,7 DL | 6,5 | 11 |
462959 | 2025-Abr-25 | 12,9 DL | 9,5 | 217 |
2025 HU2 | 2025-Abr-25 | 1,1 DL | 7,1 | 6 |
2025 FK28 | 2025-Abr-25 | 16,6 DL | 11,9 | 63 |
2025 HB13 | 2025-Abr-26 | 11,3 DL | 9,7 | 19 |
2025 HP1 | 2025-Abr-26 | 9,2 DL | 8,5 | 15 |
2025 HV | 2025-Abr-27 | 14,6 DL | 16,5 | 48 |
2025 HO2 | 2025-Abr-27 | 7 DL | 7,9 | 48 |
2025 HS1 | 2025-Abr-27 | 14,5 DL | 11,3 | 30 |
2025 HY | 2025-Abr-27 | 10,7 DL | 10,7 | 18 |
2025 HB7 | 2025-Abr-27 | 12,8 DL | 12,9 | 26 |
2025 HP4 | 2025-Abr-28 | 0,9 DL | 10,1 | 11 |
2025 HL3 | 2025-Abr-28 | 14 DL | 7,6 | 43 |
2025 HQ4 | 2025-Abr-28 | 4,8 DL | 13,4 | 22 |
2025 HN4 | 2025-Abr-28 | 1,7 DL | 8 | 13 |
2025 HG2 | 2025-Abr-28 | 6,4 DL | 4,9 | 11 |
2025 HW1 | 2025-Abr-28 | 3,2 DL | 19,7 | 26 |
2025 HL5 | 2025-Abr-29 | 1,6 DL | 8,4 | 26 |
2025 HM6 | 2025-Abr-29 | 5,2 DL | 10,8 | 13 |
2025 HM4 | 2025-Abr-30 | 2 DL | 18,9 | 21 |
2025 GT1 | 2025-Mai-01 | 11,2 DL | 11,1 | 36 |
2024 BF | 2025-Mai-01 | 9,5 DL | 4,6 | 46 |
2025 HJ5 | 2025-Mai-02 | 10,9 DL | 7,8 | 15 |
2025 HR1 | 2025-Mai-02 | 12,6 DL | 6,3 | 13 |
2024 JM2 | 2025-Mai-03 | 7,2 DL | 11,3 | 62 |
2025 HN3 | 2025-Mai-04 | 7,9 DL | 14 | 29 |
2025 HF5 | 2025-Mai-06 | 3,5 DL | 4,3 | 25 |
2021 JN1 | 2025-Mai-06 | 18,3 DL | 16,3 | 39 |
2025 HY2 | 2025-Mai-07 | 17,8 DL | 13,6 | 38 |
2021 HZ | 2025-Mai-08 | 20 DL | 10,2 | 30 |
612356 | 2025-Mai-09 | 11 DL | 5,1 | 305 |
2021 KH | 2025-Mai-10 | 18,3 DL | 7,2 | 19 |
2011 HJ7 | 2025-Mai-12 | 6,6 DL | 15,8 | 118 |
2011 YU74 | 2025-Mai-13 | 11,4 DL | 5 | 90 |
2025 DT50 | 2025-Mai-14 | 16 DL | 6,4 | 105 |
2008 ST | 2025-Mai-20 | 13,5 DL | 2,5 | 14 |
387746 | 2025-Mai-24 | 17,4 DL | 8,3 | 339 |
2014 KF22 | 2025-Mai-25 | 9,1 DL | 11,5 | 19 |
390725 | 2025-Mai-25 | 18,4 DL | 13,5 | 410 |
2025 FU5 | 2025-Mai-28 | 13,4 DL | 7,3 | 92 |
2022 KP3 | 2025-Mai-30 | 10,2 DL | 7,7 | 7 |
424482 | 2025-Jun-05 | 9,1 DL | 6,2 | 421 |
2020 LQ | 2025-Jun-06 | 17,3 DL | 11,8 | 34 |
2018 LE4 | 2025-Jun-07 | 12,2 DL | 13,3 | 62 |
2014 LL26 | 2025-Jun-08 | 8 DL | 5,2 | 31 |
2022 KQ5 | 2025-Jun-12 | 13,6 DL | 5,1 | 5 |
2023 XO15 | 2025-Jun-15 | 17,8 DL | 3,4 | 24 |
2025 HN6 | 2025-Jun-16 | 6,4 DL | 2,3 | 24 |
2000 LF3 | 2025-Jun-17 | 18,9 DL | 14,5 | 169 |
2023 XU2 | 2025-Jun-18 | 11,1 DL | 15,6 | 32 |
2003 AY2 | 2025-Jun-22 | 14,2 DL | 15,9 | 386 |
2014 DH | 2025-Jun-28 | 17,1 DL | 12,1 | 17 |
Monitorando PHAs
Note que você também pode obter mais informações sobre um PHA em particular. Basta clicar sobre sua desgniação, na tabela acima. Isso vai lhe direcionar à página do JPL/NASA, contendo diversas informações – entre elas o diagrama orbital, com a possibilidade de simular sua trajetória futura.
Também disponibilizamos este diagrama que mostra o mapeamento dos impactos ocorridos na atmosfera (bólidos) entre 1994 e 2013. Para um registro ainda mais abrangente acesse este artigo.
Nenhum PHA conhecido está em curso de curso de colisão com o nosso planeta. Isso inclui os rumores de colisões de asteroides este ano ou nas próximas décadas. Por outro lado, estatisticamente não é tolice pensar que um impacto é pura questão de tempo.
Sempre perigosos
Vários impactos já aconteceram na história recente. O mais violento foi em 1908, na Sibéria (o evento Tunguska). Outro, também de grandes proporções, aconteceu sobre o Brasil em 1930. Mais recentemente, o asteroide 2008 TC3, de apenas 3m, tornou-se o primeiro a ser detectado antes de seu impacto, ocorrido em 7 de outubro de 2008 a cerca de 36 km acima do deserto da Núbia, entre o Egito e o Sudão. Foram encontrados cerca de 4 kg em meteoritos provenientes dele. Não houve vítimas.

O maior impacto recente aconteceu na manhã (3:20 UTC) de 15 de fevereiro de 2013, quando um asteroide penetrou em nossa atmosfera, desintegrando-se sobre a cidade de Chelyabinsk, na Rússia (foto).
O evento foi fartamente documentado e diversos registros em vídeo indicaram uma trajetória de nordeste para sudoeste, com um ângulo raso de 20° sobre a horizontal. A velocidade de entrada foi estimada em cerca de 18 km/s (mais de 64 mil km/h).
Com base na análise das ondas sonoras de baixa frequência, detectadas por uma rede global, estimou-se que o objeto tinha um tamanho de 17 m e uma massa entre 7 e 10 toneladas quando atingiu a atmosfera. Ela explodiu a cerca de 15 ou 20 km acima do solo com uma energia equivalente a 500 quilotons de TNT (cerca de 30 vezes a energia liberada pela bomba atômica de Hiroshima).
Isso provocou um estrondo sônico que destruiu vidraças e telhados de várias edificações na cidade. Os estilhaços chegaram a ferir mais de mil pessoas e mais de 100 tiveram de ser hospitalizadas. Fragmentos do asteroide foram encontrados no lago Chebarkul e em vilarejos próximos. De acordo com a compreensão atual sobre PHAs, eventos assim são esperados uma vez a cada centena ou várias dezenas de anos.
Contudo, naquele mesmo dia, um PHA de 50m de comprimento (denominado 2012 DA14) passou a distância de apenas 27.700 km da Terra, um dos rasantes mais próximos já registrados. Mesmo assim, sua trajetória exclui qualquer relação com o evento na Rússia (entenda porque).
Bom mesmo seria se tudo isso tivesse sido útil para convencer as autoridades mundiais de que a nossa vizinhança no espaço não é tão tranquila quanto gostaríamos que fosse. Talvez só uma tragédia convença.
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