Dez mil toneladas vindas do espaço penetram em nossa atmosfera a cada ano, com velocidades entre 11 e 70 km/s. A maioria se transforma em inocentes meteoros. Entre os principais geradores desses corpos estão os cometas, embora sejam os asteroides os candidatos preferidos pelos pesquisadores. São também os mais perigosos.
Sua composição heterogênea teria melhores condições de explicar a origem da diversidade na composição das várias classes de meteoritos. Além disso, nem todos os asteroides permanecem na conhecida faixa entre Marte e Júpiter. Colisões recíprocas e órbitas instáveis podem levá-los para longe dali.
São denominados asteroides potencialmente perigosos (em inglês Potentially Hazardous Asteroids ou PHAs) as rochas maiores que 100 m, aproximadamente, e que se aproximam do nosso planeta menos que 0,05 UA (1 UA vale aproximadamente 150 milhões de km). A tabela a seguir relaciona as passagens mais recentes de PHAs, destacando aqueles que se aproximam menos que cinco vezes a distância Terra-Lua (DL).
Asteroide | Data (UT) | Distância da Terra | Velocidade (km/s) | Diâmetro (m) |
2024 UG | 2024-Out-21 | 2,7 DL | 9,2 | 15 |
2024 US2 | 2024-Out-21 | 11,2 DL | 10 | 30 |
2024 UD1 | 2024-Out-21 | 1,1 DL | 7,9 | 5 |
2024 US | 2024-Out-22 | 0,9 DL | 7,8 | 9 |
2024 UR | 2024-Out-22 | 5,5 DL | 16,3 | 49 |
2024 UH1 | 2024-Out-22 | 6,6 DL | 6,3 | 7 |
2024 SE4 | 2024-Out-22 | 6,9 DL | 2,2 | 10 |
2024 UK2 | 2024-Out-23 | 7,6 DL | 8,3 | 10 |
2024 UT | 2024-Out-23 | 0,1 DL | 11,6 | 4 |
2024 UJ1 | 2024-Out-24 | 9 DL | 12,2 | 16 |
2015 HM1 | 2024-Out-24 | 14,4 DL | 10,9 | 32 |
2024 TP17 | 2024-Out-24 | 12,1 DL | 5,8 | 54 |
363305 | 2024-Out-24 | 11,8 DL | 4,9 | 186 |
2024 TR6 | 2024-Out-24 | 14,8 DL | 15,2 | 48 |
2024 UY | 2024-Out-24 | 0,8 DL | 10,6 | 5 |
2023 TG14 | 2024-Out-24 | 6,6 DL | 6,9 | 24 |
2021 UE2 | 2024-Out-24 | 13,8 DL | 7,1 | 40 |
2024 TB2 | 2024-Out-26 | 3,1 DL | 2,9 | 35 |
2024 UN2 | 2024-Out-26 | 0,6 DL | 10,5 | 21 |
2007 UT3 | 2024-Out-26 | 17,7 DL | 10,4 | 23 |
2016 BF1 | 2024-Out-27 | 10,4 DL | 9,2 | 30 |
2024 SE26 | 2024-Out-28 | 9,8 DL | 12,6 | 106 |
2024 UQ1 | 2024-Out-28 | 0,6 DL | 6,6 | 10 |
2020 WG | 2024-Out-28 | 8,7 DL | 9,4 | 160 |
2024 UX | 2024-Out-28 | 7,3 DL | 4,7 | 10 |
2024 UT2 | 2024-Out-28 | 6,3 DL | 8,9 | 15 |
2024 UO2 | 2024-Out-28 | 8,9 DL | 5 | 10 |
2024 SU13 | 2024-Out-29 | 10,9 DL | 6 | 32 |
2024 UQ2 | 2024-Out-30 | 4,3 DL | 14,9 | 22 |
2024 UE3 | 2024-Out-30 | 3,1 DL | 13,8 | 16 |
2021 CV1 | 2024-Out-30 | 14,4 DL | 23,6 | 38 |
2024 UU1 | 2024-Out-31 | 1,3 DL | 18 | 22 |
2023 KX3 | 2024-Out-31 | 18,8 DL | 2,4 | 25 |
2022 UD21 | 2024-Out-31 | 11,4 DL | 11,8 | 27 |
2016 VA | 2024-Nov-01 | 1,5 DL | 21,2 | 11 |
2024 TX13 | 2024-Nov-03 | 1,9 DL | 7,6 | 41 |
2020 VX1 | 2024-Nov-03 | 19,4 DL | 7,8 | 93 |
2023 VS | 2024-Nov-04 | 15,2 DL | 4,3 | 4 |
2024 UF2 | 2024-Nov-04 | 19,5 DL | 12,8 | 47 |
2024 TD22 | 2024-Nov-05 | 8 DL | 11,9 | 50 |
2024 UW | 2024-Nov-06 | 1,7 DL | 4,7 | 9 |
2022 JM | 2024-Nov-06 | 19,7 DL | 6,2 | 6 |
2024 UZ | 2024-Nov-10 | 16,4 DL | 4,9 | 19 |
2024 UC3 | 2024-Nov-10 | 11 DL | 6,7 | 27 |
2019 WB7 | 2024-Nov-11 | 17,3 DL | 5,7 | 43 |
2020 UL3 | 2024-Nov-12 | 4,1 DL | 10,5 | 80 |
2020 AB2 | 2024-Nov-13 | 18,9 DL | 7,2 | 14 |
2019 VU5 | 2024-Nov-14 | 12 DL | 23,3 | 46 |
2019 VL5 | 2024-Nov-14 | 9,6 DL | 8,5 | 24 |
2023 WK3 | 2024-Nov-18 | 16,1 DL | 14,5 | 272 |
2012 KO11 | 2024-Nov-20 | 6,2 DL | 9,4 | 43 |
2020 VX4 | 2024-Nov-20 | 10,5 DL | 10,5 | 11 |
2009 WB105 | 2024-Nov-25 | 15,1 DL | 18,9 | 71 |
2006 WB | 2024-Nov-26 | 2,3 DL | 4,2 | 98 |
2018 DC4 | 2024-Nov-29 | 18,8 DL | 4,5 | 12 |
2019 JN2 | 2024-Nov-30 | 9,4 DL | 7,7 | 25 |
2021 XZ | 2024-Dez-02 | 13,2 DL | 7,4 | 8 |
447755 | 2024-Dez-03 | 14,4 DL | 12,2 | 402 |
2020 XR | 2024-Dez-04 | 5,8 DL | 12,3 | 388 |
2021 WA5 | 2024-Dez-05 | 9,8 DL | 5,9 | 12 |
2018 XU3 | 2024-Dez-11 | 16,8 DL | 10,8 | 28 |
2007 XB23 | 2024-Dez-11 | 1,2 DL | 4,8 | 14 |
2022 YO1 | 2024-Dez-17 | 2 DL | 14,3 | 4 |
2020 XY4 | 2024-Dez-19 | 12,8 DL | 8,8 | 14 |
Monitorando PHAs
Note que você também pode obter mais informações sobre um PHA em particular. Basta clicar sobre sua desgniação, na tabela acima. Isso vai lhe direcionar à página do JPL/NASA, contendo diversas informações – entre elas o diagrama orbital, com a possibilidade de simular sua trajetória futura.
Também disponibilizamos este diagrama que mostra o mapeamento dos impactos ocorridos na atmosfera (bólidos) entre 1994 e 2013. Para um registro ainda mais abrangente acesse este artigo.
Nenhum PHA conhecido está em curso de curso de colisão com o nosso planeta. Isso inclui os rumores de colisões de asteroides este ano ou nas próximas décadas. Por outro lado, estatisticamente não é tolice pensar que um impacto é pura questão de tempo.
Sempre perigosos
Vários impactos já aconteceram na história recente. O mais violento foi em 1908, na Sibéria (o evento Tunguska). Outro, também de grandes proporções, aconteceu sobre o Brasil em 1930. Mais recentemente, o asteroide 2008 TC3, de apenas 3m, tornou-se o primeiro a ser detectado antes de seu impacto, ocorrido em 7 de outubro de 2008 a cerca de 36 km acima do deserto da Núbia, entre o Egito e o Sudão. Foram encontrados cerca de 4 kg em meteoritos provenientes dele. Não houve vítimas.
O maior impacto recente aconteceu na manhã (3:20 UTC) de 15 de fevereiro de 2013, quando um asteroide penetrou em nossa atmosfera, desintegrando-se sobre a cidade de Chelyabinsk, na Rússia (foto).
O evento foi fartamente documentado e diversos registros em vídeo indicaram uma trajetória de nordeste para sudoeste, com um ângulo raso de 20° sobre a horizontal. A velocidade de entrada foi estimada em cerca de 18 km/s (mais de 64 mil km/h).
Com base na análise das ondas sonoras de baixa frequência, detectadas por uma rede global, estimou-se que o objeto tinha um tamanho de 17 m e uma massa entre 7 e 10 toneladas quando atingiu a atmosfera. Ela explodiu a cerca de 15 ou 20 km acima do solo com uma energia equivalente a 500 quilotons de TNT (cerca de 30 vezes a energia liberada pela bomba atômica de Hiroshima).
Isso provocou um estrondo sônico que destruiu vidraças e telhados de várias edificações na cidade. Os estilhaços chegaram a ferir mais de mil pessoas e mais de 100 tiveram de ser hospitalizadas. Fragmentos do asteroide foram encontrados no lago Chebarkul e em vilarejos próximos. De acordo com a compreensão atual sobre PHAs, eventos assim são esperados uma vez a cada centena ou várias dezenas de anos.
Contudo, naquele mesmo dia, um PHA de 50m de comprimento (denominado 2012 DA14) passou a distância de apenas 27.700 km da Terra, um dos rasantes mais próximos já registrados. Mesmo assim, sua trajetória exclui qualquer relação com o evento na Rússia (entenda porque).
Bom mesmo seria se tudo isso tivesse sido útil para convencer as autoridades mundiais de que a nossa vizinhança no espaço não é tão tranquila quanto gostaríamos que fosse. Talvez só uma tragédia convença.
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