Novidades do Espaço Exterior – Ano I – Nº 23

Ano I – Nº 23

Um dia muito especial

Tudo começou bem cedo, às quatro e meia da manhã. Uma noite fria em boa parte da América do Sul não deixou dúvidas: começara o inverno. Enquanto isso, no hemisfério Norte, os ingleses assistiam a chegada do verão numa comemoração quase tribal em Stonehenge, o mais antigo observatório astronômico do mundo. Mas o espetáculo estava mesmo reservado para os habitantes da África, berço da humanidade.

Foi o primeiro eclipse solar total deste milênio, o único em 2001, um espetáculo inesquecível de luz e escuridão. A sombra da Lua deslocou-se a mais de duas vezes a velocidade do som e alcançou Angola e depois a África central e Madagascar, antes de desaparecer sobre o Oceano Índico. Ela só voltará a tocar a superfície da Terra em dezembro de 2002. Em Lusaka, Zâmbia, a única capital completamente encoberta pela sombra lunar, o fenômeno atraiu milhares de turistas e pesquisadores.

A escuridão também envolveu a reserva de Luangwa e o Parque Nacional de Kafue. Então aconteceu: animais noturnos despertaram, corujas e morcegos puseram-se a voar como fazem no final de cada noite – e os seres diurnos se recolheram. Uma observação notável certamente entrará para a história dos estudos sobre o comportamento animal: 12 chimpanzés foram vistos apontando para o Sol durante a tolalidade!

Desde que surgiu no Atlântico, até atravessar a África e então sumir com o pôr do Sol, a sombra fez um passeio de pouco mais de três horas sobre a Terra. Os locais que ofereceram melhor visibilidade foram em Angola, Zâmbia, Zimbábue, Moçambique e Malauí. A duração chegou a mais de cinco minutos sobre o oceano Atlântico, a 1.100 km de Luanda, capital da Angola (duas vezes mais que o último eclipse solar total, ocorrido em 1999). No Brasil, o fenômeno foi parcial.

A noite ainda reservou uma visão memorável: Marte atingia seu ponto de maior aproximação com a Terra, ficando a apenas 68 milhões de km (a distância média é de quase 228 milhões de km). Foi a melhor posição entre Terra e Marte nos últimos 12 anos. A próxima, contudo, não irá demorar: em fins de agosto de 2003 o planeta atingirá uma de suas aproximações mais espetaculares, ficando a 55,8 milhões de km da Terra. Mas certamente demorará um pouco mais para vermos um dia tão ocupado como este 21 de junho.

Atlantis pronto para o lançamento

O ônibus espacial Atlantis já está na plataforma, onde aguarda o lançamento previsto para o início de julho. A missão dará prosseguimento às etapas de construção da Estação Espacial Internacional (EEI ou ISS, na sigla em inglês). A idéia era transportar o Atlantis do hangar para a plataforma na quarta-feira, mas os engenheiros desistiram por causa de uma tempestade.

O lançamento ocorre um mês depois do planejado, devido a atrasos decorrentes de problemas com o Canadarm 2, o braço robotizado de fabricação canadense, de 17,5 metros. O dispositivo já alcançou um bom desempenho nos testes, e o problema surgido no sistema operacional reserva não ocorreu outra vez. Os técnicos atribuem a causa do problema a um chip mas afirmaram que o problema é contornável. Os cinco tripulantes do ônibus espacial Atlantis vão instalar uma câmara de pressão para os passeios espaciais dos astronautas, chamadas de AEVs, atividade extra-veiculares. O braço mecânico será necessário para essa tarefa.