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Astronomia no Zênite
Diário astronômico
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 Ano III – Nº 134

A chama das estrelas distantes

 Science@Nasa – 12 de setembro de 2003

No dia 24 de agosto de 1998 houve uma explosão no Sol tão forte quanto cem milhões de bombas de hidrogênio juntas. Satélites registraram uma forte emissão de raios X, seguida por uma onda de prótons minutos depois. O campo magnético de nosso planeta recuou e os operadores de rádio de longa distância experimentaram um blecaute.

Em nenhum momento o Sol (ou a própria Terra) correu perigo. Em nenhum momento esse evento despertou interesse da imprensa mundial. Essas explosões são conhecidas como “flares” (chama, numa tradução livre) e ocorrem com certa freqüência. De fato, alguns dias depois os efeitos de mais outra explosão chegou a Terra. Nenhuma surpresa, com exceção de uma coisa: essa chama não vinha do Sol.

A fonte era SGR 1900+14, uma estrela de nêutrons 45 anos-luz. Um tipo de estrela chamado “magnetar”, com os campos magnéticos mais poderosos do Universo. Flares e campos magnéticos estão intimamente relacionados, mas ainda até agora não havia evidências tão significativas dos efeitos dos flares estelares sobre a ionosfera terrestre.

O canto dos buracos negros

 Spaceflight Now – 9 de setembro de 2003

O som é uma perturbação mecânica. Requer um meio material para se propagar. Esse meio pode muito bem ser gasoso, como demonstra nossa experiência diária: ouvimos uma profusão de sons sob o manto atmosférico que recobre nosso mundo.

No espaço, o vácuo predomina e o som não se propaga. Mas no espaço também existem extensas “ilhas de gás”, sobretudo hidrogênio, especialmente em torno de objetos maciços. Isso explica porque os pesquisadores descobriram recentemente que os buracos negros “cantam”.

Sem chance de ouvirmos: além do som não chegar a nós (existe vácuo no caminho) a freqüência é cerca de 57 oitavas abaixo do dó central (um piano típico contem 7 oitavas), dezenas de bilhões de vezes mais profunda do que os limites da audição humana.

Aliás, é o som mais grave já detectado no Universo. Isso está ocorrendo nas redondezas de um buraco negro supermaciço em Perseus A, um aglomerado de estrelas a cerca de 250 milhões de anos-luz. Como os buracos negros atraem tudo ao seu redor, inclusive a luz, não podem ser observados diretamente. Assim os pesquisadores se concentram no que acontece ao redor deles.

Foi assim que descobriram ondas concêntricas no gás que preenche o espaço vizinho, provavelmente oriundas de eventos explosivos em torno do buraco negro. Imagens obtidas pelo telescópio de raios X Chandra mostram duas cavidades em forma de bolha com cerca de 50 mil anos-luz partindo do centro do buraco negro.

As ondas sonoras podem ser absorvidas, sendo sua energia convertida em calor. Isso manteria o aglomerado gasoso de Perseus sempre quente – como de fato notam os astrônomos.