Nossa galáxia, a Via Láctea, está em rota de colisão com Andrômeda (M31), uma galáxia . Elas se aproximam uma da outra a cerca de 480.000 km/h. Mas ainda não sabemos com certeza se haverá uma colisão frontal ou apenas uma interação.
Uma colisão fundirá ambas numa imensa galáxia elíptica. De qualquer forma, isso levará não menos que três bilhões de anos para acontecer – tempo que pode coincidir com a morte do Sol.
Recentemente foram descobertas novas evidências de que Andrômeda não é tão grande por acaso. Seu tamanho teria sido conquistado à custa da massa de galáxias vizinhas, de menor porte, ao longo dos últimos bilhões de anos.
Estudando a borda da galáxia – o chamado halo galáctico – uma equipe internacional de astrônomos flagrou M31 na hora do almoço, literalmente. Eles observaram um gigantesco feixe de estrelas numa região árida da borda galáctica, cuja origem provavelmente se encontra nas galáxias anãs M32 ou NGC205. Isso indica que Andrômeda continua a assimilar companheiras menores até hoje.
Fome de viver
Andrômeda é visível a olho nu, longe das luzes da cidade e numa noite sem luar, como uma pálida mancha de luz nas noites de primavera. Através do estudo de outras colisões de galáxias e usando simulações em computador, os astrônomos montaram um cenário, quadro a quadro, do que eventualmente poderá acontecer com a Via Láctea no caso de uma interação.
É improvável que a humanidade veja ao nascer desse dia, mas quando Andrômeda estiver perto o bastante da Via Láctea, as nuvens de gás de ambas vão interagir violentamente e centenas de brilhantes aglomerados de estrelas irão surgir no céu.
Será um formidável espetáculo pirotécnico por todo o firmamento. A quantidade de estrelas maciças irá crescer drasticamente. Estrelas gigantes azuis vão pipocar por todo o firmamento enquanto outras explodirão como supernovas.
Andrômeda levará talvez 100 milhões de anos para se contorcer em forma de U, quando finalmente adentrar em nossa galáxia e se chocar com o núcleo da Via Láctea.
Então a matéria de ambas será misturada numa única galáxia elíptica. Finalmente, quando as estrelas acharem seu lugar na nova casa, após um processo dinâmico chamado relaxação violenta, qualquer alusão do que foram a Via Láctea ou Andrômeda terá desaparecido.
E quando novas formas de vida apontarem no horizonte de galáxias vizinhas, talvez olhem na direção do núcleo de uma imensa galáxia elíptica, tentando, como nós um dia, compreender sua evolução.
Mas eles não encontrarão qualquer vestígio de que ali existiram duas majestosas galáxias espirais onde viveu uma civilização há muito esquecida. Assim mesmo tudo o que fizemos terá valido a pena, se ao contemplar o céu, pelo breve instante de nossa existência, tivermos aprendido a lição da humildade.
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