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Astronomia no Zênite
História - Astronomia no Brasil

Astronomia no Brasil – 2ª Parte

Dom Pedro II dizia que se não fosse Imperador do Brasil teria sido professor. E que professor ele seria! D. Pedro de Alcântara era um intelectual e grande entusiasta das ciências. Mantinha contato estreito com muitos nomes ilustres da época, como Camille Flamarion e Victor Hugo, com os quais dividia a paixão pela Astronomia.

Fundou bibliotecas, museus, observatórios astronômicos e meteorológicos em várias partes do país, algumas vezes mantendo-os com recursos pessoais. Ainda jovem, com apenas 22 anos, era um Imperador dedicado, simples e tranquilo.

O Imperial Observatório do Brasil havia sido criado por decreto em 1827, no Rio de Janeiro, mas só começara a funcionar quase vinte anos depois. D. Pedro II deu forma e alma à instituição, cedendo os próprios instrumentos que utilizava em seu observatório particular na Quinta da Boa Vista, para que o Imperial Observatório pudesse iniciar suas atividades.

PATRONO
Urania Planetario

D. Pedro IID. PEDRO II é o patrono da Astronomia no Brasil.

Infelizmente, o gosto pessoal do Imperador pelas ciências não contagiou seus frios auxiliares de governo. Naquela época, países como o Chile e a Argentina já possuíam observatórios superiores, dirigidos por profissionais eminentes.

D. Pedro II sempre se queixou disso. Sonhava com um observatório astronômico moldado nos mais modernos estabelecimentos existentes na época.

Pensava no famoso observatório de Nice, onde foi descoberto o asteroide 293, chamado Brasília, em homenagem ao Imperador, quando do seu exílio, em Paris.

Assim mesmo o Imperial Observatório trouxe-lhe muitas alegrias. Um dos trabalhos mais importantes lá realizados foram as observações do trânsito de Vênus, um raro evento que ocorre quando esse planeta passa na frente do disco solar.

Em Janeiro de 1887 o próprio Imperador faria estimativas do comprimento da cauda de um cometa, como ficou registrado na revista francesa “L’Astronomie”, publicada até hoje. D Pedro II estava sempre em contato com os astrônomos do Imperial Observatório e discorria com rara competência sobre diversas questões científicas.

Imperial Observatório
IMPERIAL OBSERVATÓRIO, no Morro do Castelo, Rio de Janeiro, como era em 1881. Adaptação de uma gravura de Rubens de Azevedo.

O mal da República

A república praticamente destruiu o Imperial Observatório. Aliás, fez bem mais que isso: retardou o desenvolvimento do espírito científico no país, tão valorizado nos tempos do Segundo Reinado.

E a cada novo presidente que se sucedia no poder correspondia um degrau abaixo no conceito internacional da Astronomia brasileira. Alguns órgãos da imprensa ajudavam, confundindo a manipulável opinião pública, na medida em que fazia humor dos edifícios erguidos em São Cristóvão, no Rio, e no Parque do Estado, em São Paulo, onde então quase nada se fazia.

Foi preciso esperar um longo tempo. O primeiro presidente republicano a iniciar os trabalhos de reconstrução dos observatórios brasileiros foi Emílio Garrastazu Médici. Começou aí, ainda que timidamente, a recuperação do tempo perdido.

O Observatório Nacional, em São Cristóvão, o Observatório de Valongo, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Observatório do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos e o Observatório Abraão de Morais em Valinhos, São Paulo, entre outros, começaram a organizar importantes programas de cooperação internacional.

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Brasil no espaço
O firmamento como símbolo nacional

Publicação em mídia impressa
Costa, J. R. V. Astronomia no Brasil – 2ª Parte. Tribuna de Santos, Santos, 11 nov. 2002. Caderno de Ciência e Meio Ambiente, p. D-3.
Créditos: Costa, J.R.V. Astronomia no Brasil - 2ª Parte. Astronomia no Zênite, dez. 2002. Disponível em: <https://zenite.nu/astronomia-no-brasil-2>. Acesso em: 19 abr. 2024.
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