Surfshark
Astronomia no Zênite
Sistema Solar

Misterioso Sedna

Uma equipe de astrônomos chefiada por Michael E. Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, descobriu um planetoide em 14 de novembro de 2003 utilizando o Telescópio Samuel Oschin (Caltech) de 1,2 m do Observatório Palomar. O objeto recebeu a denominação temporária 2003 VB12, e em seguida foi observado por telescópios no Chile, Espanha, Arizona e Havaí.

Essa designação obedece a critérios da União Astronômica Internacional (baseado na data da descoberta) e foi também esse órgão quem determinou a nomenclatura permanente: 2003 VB12 entrará nos livros de Astronomia como Sedna, uma deusa esquimó que deu vida às criaturas marinhas no Ártico, pois ele é também o objeto na mais distante e fria região do Sistema Solar.

Deusa Sedna
Representação da deusa Sedna.

O mais distante

Sedna não é o décimo planeta do Sistema Solar. Mas pode ser classificado como planeta anão no futuro, quando observações mais apuradas fornecerem dados importantes sobre sua constituição física.

Ele está a cerca de 13 bilhões de km do Sol, mais de 90 vezes a distância que nos separa do astro-rei (ou 90 UA). Isso faz deste planetoide o objeto mais distante já encontrado em nosso sistema planetário.

Plutão e CarontePlutão e Caronte, fotografados pelo Telescópio Espacial Hubble.

Características orbitais

A órbita de Sedna é extremamente elíptica. Muito mais alongada que a de qualquer planeta, até mesmo Plutão.

Sedna leva 10.500 anos para dar uma volta completa em torno do Sol, ficando a maior parte do tempo muito longe dele, quase 900 vezes a distância Terra-Sol (afélio entre 850 e 900 UA).

Órbita de Sedna

Porém, Sedna está lentamente se aproximando um pouco mais do Sol (e, portanto, da Terra). Embora seu periélio só deverá ocorrer daqui a 72 anos, a 76 UA do Sol.

A última vez que Sedna esteve no periélio nosso planeta estava no fim da Idade do Gelo. Aliás, por falar em gelo, na região onde Sedna se encontra a temperatura nunca é superior a –240°C.

Esse mundo gelado está tão distante que segundo Mike Brown, astrônomo do Caltech, “se você estivesse em Sedna poderia tampar o Sol com a cabeça de um alfinete”. Para se ter uma ideia, o Cinturão de Kuiper termina abruptamente a 50 UA do Sol, mas Sedna não se aproxima do Sol mais do que 76 UA (veja a gravura acima).

Mesmo os objetos do Cinturão de Kuiper com órbitas bastante excêntricas, e que atingem grandes distâncias do Sol (comparáveis à distância atual de Sedna) têm periélios muito mais próximos, a cerca de 35 UA.

PATRONO
Urania Planetario

Características físicas

Sedna tem magnitude visual 20,5 sendo, portanto, consideravelmente menos brilhante que 2004 DW (descoberto em fevereiro de 2004 e com 1600 km de diâmetro) e Quaoar (descoberto em 2002; 1250 km). Eles já estavam fora do alcance da grande maioria dos astrônomos amadores mas, curiosamente, a primeira confirmação da descoberta de Sedna veio justamente de um observatório amador, o Tenagra).

Diâmetros comparativos

Em todas as imagens até agora obtidas Sedna é apenas um ponto de luz. Não é possível, mesmo para os instrumentos sofisticados dos astrônomos profissionais, medir diretamente o diâmetro de Sedna.

A estimativa é feita com base na distância e temperatura (conhecidas), através de um telescópio térmico. Sedna não deve ter um diâmetro inferior a 1290 km nem superior a 1770 km. É maior que Quaoar e tem cerca de 3/4 do tamanho de Plutão. Medidas mais acuradas serão realizadas em breve.

Ainda não se conhece a constituição de Sedna. Devido sua aparência relativamente brilhante (nas observações térmicas) espera-se que exista gelo de água ou metano em sua superfície, assim como em Plutão e Caronte.

Porém, observações realizadas com o Telescópio Gemini e o Observatório Keck não sugerem o mesmo. De observações feitas pelo telescópio SMARTS, no Chile, sabe-se que Sedna é um dos objetos mais avermelhados do Sistema Solar, quase tão vermelho quanto Marte. As informações ainda não são conclusivas e ainda há evidências de uma pequena lua orbitando Sedna.

Por que não foi achado antes?

Não é tão simples encontrá-lo. Uma busca contínua no Sistema Solar exterior tem sido feita desde outubro de 2001 através do Observatório de Monte Palomar, na Califórnia. E desde então foram descobertos 40 objetos no Cinturão de Kuiper.

Para encontrá-los, são tiradas três fotografias de uma pequena porção do céu noturno por três horas e então se procura algo nessas imagens que esteja se movendo. As bilhões de estrelas e galáxias visíveis no firmamento não se movem em tão pouco tempo, ao contrário de satélites, planetas, asteroides e cometas, que apresentam muitas vezes movimentos distintos.

Sedna, a rigor, está fora do Cinturão de Kuiper, numa região intermediária entre esse cinturão de objetos além da órbita de Netuno e o limite inferior da nuvem de Oort, o depositório de cometas do Sistema Solar. Artigo de Astronomia no Zênite

Descoberta de Sedna
Os três fotogramas que revelaram Sedna no Observatório de Monte Palomar. Cortesia da NASA/Caltech/M. Brown.

 

O Cinturão de Kuiper
Os planetas anões

Referências (fontes consultadas)
• Instituto Tecnológico da Califórnia, Caltech – Geological & Planetary Sciences.
Publicação em mídia impressa
• Costa, J. R. V. O que é um planetóide? Tribuna de Santos, Santos, 5 abr. 2004. Caderno de Ciência e Meio Ambiente, p. D-4.
Créditos: Costa, J.R.V. Misterioso Sedna. Astronomia no Zênite, abr. 2004. Disponível em: <https://zenite.nu/misterioso-sedna>. Acesso em: 9 mai. 2024.
Como citar esta página como uma fonte da sua pesquisa

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, a forma indicada para mostrar que você pesquisou o artigo contido nesta página é:

 

As referências bibliográficas são importantes não apenas para dar crédito aos autores de suas fontes, mas para mostrar a sua habilidade em reunir elementos que constroem uma boa pesquisa. Boas referências só valorizam o seu trabalho.